‘Estamos com muito medo, essa noite ninguém conseguiu dormir na aldeia’, diz cacique que teve filho decapitado em região de conflito no Paraná

O cacique Bernardo Rodrigues Diegro, pai do jovem indígena assassinado próximo à aldeia Yvyju Avary, relatou um cenário de medo e insegurança em Guaíra, no oeste do Paraná, onde o crime aconteceu.
O indígena Everton Lopes Rodrigues tinha 21 anos e foi encontrado decapitado no sábado (12). Junto à vítima foi deixada uma carta com ameaças direcionadas a comunidades indígenas locais e também à Força Nacional de Segurança Pública, que atua no entorno.
A morte de Everton aconteceu em meio a um conflito histórico por terras na região oeste – e que tem sido marcado pela escalada de violência contra os indígenas. Desde a construção da Usina de Itaipu, quando diversas regiões rurais foram alagadas, comunidades reivindicam a demarcação de novas áreas.
Segundo o cacique, no dia do crime, Everton havia saído para jogar futebol em uma comunidade vizinha e não retornou. Na madrugada, a família foi informada sobre a localização da cabeça do jovem e, a cerca de 150 metros dali, o corpo e a moto que ele utilizava.
Em nota, a Polícia Civil do Paraná (PC-PR) informou que as circunstâncias do crime estão sendo investigadas e os materiais encontrados no local foram recolhidos para perícia.
As diligências estão em andamento em conjunto com a Polícia Federal (PF) para identificação dos autores. A assessoria da PF disse que a corporação não vai se manifestar até o fim dos trabalhos.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) afirmou que Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) está em operação em Guaíra e destacou que, após o homicídio, reforçou a segurança na região.
O g1 entrou em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
*G1PR