Suspeito de envolvimento em ataque hacker contra o Banco Central é preso em São Paulo

Um homem suspeito de estar envolvido no ataque hacker a sistemas de instituições financeiras que prestam serviços ao Banco Central (BC) foi preso nesta sexta-feira (4) em São Paulo.
Conforme o g1 apurou junto à polícia, ele seria funcionário de uma empresa terceirizada do BC e deu acesso aos hackers que efetuaram o ataque. Ele teria confirmado às autoridades que concedeu a sua senha para terceiros.
Como foi o ataque
Na quarta-feira (2), sistemas de instituições financeiras foram invadidos após um ataque hacker a sistema da C&M Software, empresa que presta serviços de tecnologia na intermediação entre instituições financeiras e o Banco Central (BC). Segundo especialistas do Grupo FS, empresa de segurança da informação, esse seria o maior caso já registrado no Brasil.
Os criminosos teriam como alvo recursos de contas reserva que a C&M Software mantinha para clientes no BC. Até o momento, não há confirmação oficial sobre o montante total desviado nem a lista completa de instituições afetadas.
O ataque envolveu o uso indevido de credenciais de clientes (nomes de usuários e senhas) para acessar de forma fraudulenta as contas reserva. Após a identificação da falha, o Banco Central determinou o desligamento do acesso das instituições às infraestruturas operadas pela C&M.
A empresa é homologada pelo BC para operar com o Pix, assim como outras oito companhias no país. Entre os seus clientes estão instituições financeiras como Bradesco e XP, que afirmaram não terem sido impactados.
O que são contas reserva
As contas reserva são utilizadas exclusivamente para liquidação interbancária, como transferências de fundos entre as instituições financeiras. A infraestrutura do Pix não foi comprometida, mas o ataque afetou uma série de bancosque integram a rede do Pix, causando interrupção temporária em transferências pela modalidade.
Um dos clientes da C&M Software, a BMP confirmou que criminosos acessaram indevidamente a sua conta reserva, mas disse ter como cobrir o valor furtado e manter a operação sem prejuízo. Outra cliente, a Credsystem, teve o serviço de Pix suspenso por determinação do BC. A empresa informou que os seus clientes seguem com acesso normal ao serviço de TED.
Em nota, a C&M Software afirmou que os seus sistemas críticos continuam operacionais e que colabora com as investigações conduzidas pelo Banco Central e pela Polícia Civil de São Paulo. O site da empresa está fora do ar desde a manhã de quarta-feira (2).
Caso fique comprovada uma falha de segurança da C&M, a empresa poderá ser responsabilizada pelos prejuízos. Por atuar como fornecedora de tecnologia e não como instituição financeira, a companhia não é obrigada a manter depósitos de garantia, como exigido dos bancos.
GZH