Mais de 50 facadas e traumatismo craniano: como mãe, bebê e adolescente foram assassinados em Esteio

A Polícia Civil recebeu nesta segunda-feira (28) os laudos que apontam a causa das mortes do triplo homicídio ocorrido em Esteio, na Região Metropolitana. Os corpos foram encontrados na última terça-feira (22).

Conforme o resultado dos exames de necropsia, elaborados pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), Kauany Martins Kosmalski, 18 anos, foi morta com mais de 50 facadas. O amigo dela, Ariel Silva da Rosa, 16 anos, também teria sido assassinado com uso de arma branca.

Já o filho da jovem, Miguel, de apenas dois meses, teria morrido em decorrência de traumatismo craniano.

Os laudos também indicam que o crime ocorreu por violência extrema. Isso porque marcas de defesa foram identificadas em Kauany e Ariel. A mãe do bebê também teve um dedo cortado, segundo a polícia.

Os suspeitos dos crimes são o pai de santo Jocemar Antunes de Almeida, 46 anos, que seria o pai do bebê, segundo a polícia, e a esposa dele, Belisia de Fátima da Silva, 41 anos. Ambos estão presos. Dois adolescentes, de 15 e 17 anos, também são investigados e foram apreendidos.

O crime teria sido motivado por ciúmes, segundo a Polícia Civil, em razão de Kauany ter tido um relacionamento extraconjugal com o pai de santo.

Próximos passos

A investigação aguarda mais diligências periciais para entender se a criança morreu antes ou depois do restante das vítimas, afirma a delegada de Esteio Marcela Smolenaars.

Uma análise genética envolvendo o bebê e Jocemar também foi solicitada. O objetivo é entender se o líder religioso tem parentesco com a vítima.

A polícia ainda realiza a análise de celulares dos suspeitos e ouve testemunhas dos crimes.

Polícia ouviu motorista

Também nesta segunda, a Polícia Civil coletou o depoimento de uma motorista de aplicativo. Ela relatou ter transportado Belisia e dois adolescentes até a região do crime. 

De acordo com o relato, os passageiros demonstravam comportamento exaltado, externando felicidade, durante o trajeto que levaria até o local dos assassinatos.

A motorista contou que, em determinado momento da corrida, solicitada por um dos adolescentes, ouviu Belisia falar que “aquele seria um dia muito feliz”, e que “mudaria a vida dela para sempre”. Para a delegada, este ponto pode indicar premeditação do crime.

Como foi o crime

Os corpos das vítimas foram encontrados na última terça-feira (22), em uma espécie de bueiro às margens do Rio dos Sinos, em Esteio, na Região Metropolitana.

A primeira versão sobre o crime foi apresentada por Jocemar. Conforme a polícia, ele relatou ter matado a jovem e o amigo dela sozinho. Os dois adolescentes suspeitos estariam no local.

Na versão de Belisia, Jocemar estava com Kauany, o bebê e Ariel, com o pretexto de beber vinho. Em outro veículo, ela teria chegado ao local, já com uma faca. Os dois adolescentes teriam ido com ela.

Dentro do carro de Jocemar, haveria outra faca. Ali, conforme o que relatou à investigação, ela teria atacado Kauany, que foi morta primeiro. Após, Jocemar teria matado Ariel, também com golpes de faca.

Depois, os corpos teriam sido transportados dentro do carro de Jocemar até as proximidades do Rio dos Sinos, onde teriam sido depositados no bueiro. Segundo a delegada Marcela, a perícia encontrou vestígios de sangue no veículo do homem.

Imagens corroboram depoimento de motorista

Na sexta-feira (25), a polícia teve acesso a imagens de câmeras que auxiliam a entender a dinâmica do crime. As filmagens vão ao encontro do depoimento da motorista de aplicativo, que citou levar três pessoas para a região do crime.

Segundo a delegada, as imagens mostram a chegada do veículo de Jocemar no local do crime, por volta de 22h40min do dia 20. Às 23h06min, aparece um segundo carro, do qual saem outras três pessoas, com aparência física similar à de Belisia e a dos dois adolescentes de 15 e 17 anos.

Ainda conforme as imagens, a mulher vai a pé até o primeiro veículo, enquanto os outros dois indivíduos ficam cuidando a rua. Oito minutos depois, o carro de Jocemar sai do local e se dirige ao ponto onde os corpos foram encontrados pela polícia. No local, o veículo fica por cerca de 20 minutos e, após, sai.

 

*GZH